sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Lançado concurso para letra do hino da Campanha da Fraternidade de 2013

Qui, 03 de Novembro de 2011 08:47 / Atualizado - Sex, 04 de Novembro de 2011 09:24 por: cnbb 
cflogoA Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está lançando o concurso para a letra do hino da Campanha da Fraternidade de 2013. O hino será escolhido em duas etapas: na primeira, será feita a escolha da letra, com prazo de entrega das composições até dia 11 de dezembro de 2011; na segunda etapa, será feito o concurso para a música, até março de 2012.
A Campanha da Fraternidade de 2013 tem como tema: “Fraternidade e juventude”, e o lema: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8).
“A CNBB solicita a colaboração de todos os poetas para a criação de um texto belo e profundo, que reflita a realidade da juventude, sua espiritualidade, seus anseios, suas lutas e esperanças”, salientou o assessor da CNBB para a Música Litúrgica, padre José Carlos Sala.
O Objetivo Geral da CF 2013 diz que “refletir sobre a realidade das juventudes no contexto da atual cultura midiática, para compreender seu impacto na vida dos jovens à luz do evangelho, acolhendo-os como sujeitos e, com eles, construir relações e estruturas que promovam a Vida”.
Segundo o padre José Carlos Sala, é importante estudar o documento da CNBB "Evangelização da Juevntude".

Fonte: www.cnbb.org.br - na íntegra.

Bento XVI deseja êxito ao encontro do G-20

papa.3NOVNo final da Audiência Geral, nesta quarta-feira, 2 de novembro, o Papa fez um apelo aos chefes de Estado e de Governo que, a partir de hoje, quinta-feira, 3 de novembro, estarão reunidos em Cannes, na França, para participar do G-20. A finalidade deste vértice de dois dias é examinar as principais problemáticas relacionadas com a economia global.
"Faço votos de que o encontro ajude a superar as dificuldades que, em nível mundial, impedem a promoção de um desenvolvimento autenticamente humano e integral." Os chefes de Estado e de Governo se reunirão em sete sessões de trabalho, nas quais serão discutidos temas como a crise financeira internacional, crescimento econômico, geração de emprego, mudanças climáticas e governança global.
Antes de embarcar para Cannes, onde chegou nesta terça-feira, a Presidente brasileira Dilma Rousseff classificou a reunião do G20 como um “momento crucial”. “Nós vamos deixar claro na reunião do G20 que não acreditamos que a crise será efetivamente superada com guerra cambial e com a velha receita pura e simples da recessão e do desemprego”, disse Dilma durante evento de premiação das Empresas Mais Admiradas no Brasil, em São Paulo, na segunda-feira.

A solução para a crise, afirmou a presidente, não pode passar por ajustes recessivos.

Fonte: www.cnbb.org.br - na íntegra.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"A união homossexual não cumpre o mesmo papel e não é justo equipará-la à família e ao casamento", afirma cardeal Odilo Scherer

Ter, 01 de Novembro de 2011 09:59 / Atualizado - Ter, 01 de Novembro de 2011 10:20 por: CNBB/O SAO PAULO

Dom-Odilo-Pedro-Cardeal-Scherer1Dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, se pronunciou a respeito da decisão do Superior Tribunal de Justiça que autorizou o primeiro casamento civil entre um casal homossexual, na terça-feira, 25 de outubro.
A entrevista foi concedida ao repórter Rafael Alberto do jornal “O São Paulo”.
Como a Igreja vê a autorização, concedida pelo STJ na semana passada, a duas mulheres para se casarem formalmente no âmbito civil?
Dom Odilo - Vê com preocupação. De fato, a autorização dada pelo Superior Tribunal de Justiça, embora ainda não libere de maneira generalizada o reconhecimento da união homossexual como casamento, abre bem as portas para chegar a isso. Saem perdendo e ficam banalizados a família e o casamento, que têm um papel antropológico e social insubstituível. A união homossexual não cumpre o mesmo papel e não é justo equipará-la à família e ao casamento.
A Igreja é contrária ao chamado "casamento gay"? Por que?
Dom Odilo - Porque isso é contrário à natureza e também, objetivamente, contrário à Lei de Deus e, por isso, a Igreja nunca poderia dar a sua aprovação. A diferenciação sexual tem um sentido e revela um desígnio de Deus, que nós devemos acolher e respeitar. A união de duas pessoas do mesmo sexo quebra esse sentido. Pode-se dar o nome que se queira, mas isso nunca será verdadeiro “casamento”. Usando o mesmo nome e conceito que se emprega para o casamento entre um homem e uma mulher, acaba sendo introduzida uma confusão antropológica, jurídica e ética muito grande.
Com o “casamento gay” passará a existir um novo tipo de família?
Dom Odilo - Não se trata de verdadeira família, pois falta algo de importante para ter essa identidade. Para coisa nova, nome novo. Se fosse usado um outro conceito, em vez de “casamento”, e uma outra convenção social para esses casos, em vez a da “família”, pelo menos a família e o casamento, no seu sentido verdadeiro, estariam preservados. Infelizmente, o Brasil está adotando a mesma confusão já introduzida em outros países. É lamentável e não creio que isso seja um passo adiante na civilização. O tempo dirá.
E sobre o direito de pessoas do mesmo sexo que vivem juntas por algum tempo e constroem, juntas, um patrimônio... A Igreja reconhece o direito que elas teriam de assegurar esse patrimônio, no caso da morte de uma delas por exemplo?
Dom Odilo - O direito ao patrimônio, constituído pelo esforço comum, já está assegurado pela legislação corrente; da mesma forma, o direito a se associar, para partilhar patrimônio e herança, também está assegurado. Não é preciso recorrer ao “casamento gay” para alcançar esses objetivos.

Fonte: www.cnbb.org.br - na íntegra.

Mensagem do Papa para o dia de Finados

papa-escrevendoNa oração do Angelus, do domingo passado, 30 de outubro, o papa Bento XVI fez uma referência direta à celebração dos fiéis defuntos, que a Igreja realiza nesta quarta-feira, 2 de novembro. O papa convidou os católicos a rezarem por quem já morreu, falando numa "certeza" de vida para lá da morte. "Desde os primeiros tempos da fé cristã, a Igreja terrena - reconhecendo a comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo - cultivou com grande piedade a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios por eles", disse.
O papa considera que a oração pelos mortos é "não só útil, mas necessária", deixando votos de que "o pranto, devido ao afastamento terreno, não prevaleça sobre a certeza da ressurreição". "Também a visita aos cemitérios, ao mesmo tempo que guarda os laços de afeto com aqueles que nos amaram nesta vida, recorda-nos que todos tendemos para uma outra vida, para lá da morte", observou. "A comemoração dos fiéis defuntos, à qual é dedicada o dia 2 de novembro, ajuda-nos a recordar os nossos entes queridos que nos deixaram e todas as almas a caminho da plenitude da vida, precisamente no horizonte da Igreja celestial, à qual a Solenidade de hoje nos elevou", prosseguiu Bento XVI, perante milhares de pessoas congregadas na Praça de São Pedro.
Aos fiéis de língua espanhola, o papa disse: "Na solenidade de Todos os Santos, a Liturgia nos convida a contemplar o amor infinito de Deus, que se reflete na vitória daqueles que já gozam de sua glória no céu. É o amor do Pai que nos chama a sermos seus filhos, nos entrega sue próprio Filho para redimir-nos com seu sangue purificador. Por isso nos proclama felizes também quando sofremos alguma tribulação, porque nEle depositamos nossa esperança. Respondamos com generosidade e coerência a este dom, que foi derramado em nossos corações, sendo Santos como Deus é Santo, para que também em nós se manifeste sua glória".

Fonte: Na íntegra www.cnbb.org.br

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sancionada Lei do Ensino Religioso no Rio de Janeiro

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Um ensino confessional e plural. A partir do próximo ano letivo, as escolas com turno único da rede Municipal do Rio de Janeiro vão começar a oferecer aulas religiosas. O prefeito Eduardo Paes sancionou a lei do Ensino Religioso, na última quarta feira, 19, no Palácio da Cidade. O projeto prevê também a criação do cargo funcional de Professor de Ensino Religioso.
A cerimônia contou com a presença da Subsecretária de Ensino, Helena Bomeny, do arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, além de outros representantes religiosos, em um clima de confraternização.
Eduardo Paes defendeu a importância da cultura religiosa como conceito básico a ser aprendido na escola. Para ele, os valores de fraternidade e amor ao próximo, presentes nas religiões, são muito importantes para a formação do indivíduo:
foto_edurardo_paes“Essa sanção tem função e objeto específicos. Todas as religiões têm em comum o conceito de proteção às famílias e aos valores. Nenhuma religião prega a violência e a luta dos povos. Não estamos impondo a nenhuma criança e a nenhum jovem que tenha fé, que siga credo nenhum. Ao contrário, a gente quer que aquele que tenha seu credo, sua crença, que ele possa aprender os valores e os conceitos mais básicos”, disse o prefeito.
O ensino Religioso terá matricula facultativa e estará disponível na grade escolar do 1° ao 9° ano do Ensino Fundamental. A disciplina também poderá ser substituída pelo Ensino de Valores. Para que a lei fosse implementada foi realizada uma pesquisa amostral, onde cerca de seis mil pais foram consultados para identificar o perfil religioso dos alunos das escolas municipais. A subsecretária de Educação, Helena Bomeny, explicou que até fevereiro já haverá um panorama da demanda de cada credo.
“Na pesquisa do início do ano percebemos que 42% dos entrevistados seguiam a religião católica, 32% optaram pelo ensino de valores, 23% eram de religiões evangélicas e o restante dos demais credos. Agora, em novembro, faremos uma pesquisa em todo o universo da rede e em fevereiro já teremos todos os dados para saber a demanda específica para cada religião, esclareceu.
Um dos defensores do projeto de Lei, o vereador Reimont Luiz Otoni acredita que o Estado é laico, não ateu. Para ele, o ensino religioso vem agregar os pensamentos das diversas religiões no ambiente escolar, o que contribui para o diálogo e para o progresso na educação dos alunos.
“Vivemos um tempo onde os valores estão muito distantes, há uma desvalorização do que é simbólico na vida. E o ensino religioso vem fazer essa integração. Eu entendo que o ensino religioso é um elemento de costura, que vai traçar a dimensão religiosa no cotidiano da escola”, afirmou.
Dom Orani Tempesta parabenizou as autoridades empenhadas na aprovação da lei e defendeu que através do ensino religioso é possível formar valores do transcendente e do respeito às outras religiões. “Vejo o ensino religioso com muita esperança e alegria. Respeita-se, assim, a opinião e a nação brasileira na sua diversidade. Esse é o modelo de cidade que sonhamos. A escola não deve servir apenas para informação, mas também para formação”, opinou o arcebispo.
Sanção agrada líderes religiosos
Além da religião católica, os colégios da Rede Municipal também vão oferecer aulas sobre as doutrinas evangélica/protestante, afro-brasileira, espírita, orientais, judaica e islâmica. O presidente da Federação Muçulmana do Rio de Janeiro, Sheik Ahamad, também apoiou a criação do ensino religioso, o que para ele é fundamental para quebrar paradigmas relacionados às religiões.
“Desde o inicio, a Federação Muçulmana apoiou esse processo. Acho que acima da tolerância religiosa deve haver um respeito religioso. E trazer esses ideais de respeito, de pluralidade, para o ambiente escolar é sempre muito importante”, partilhou.
O reverendo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Daniel Rangel, acredita que a lei do Ensino Religioso é o primeiro passo para a Igreja trabalhar junto da sociedade no incentivo à cultura e educação:
Durante muito tempo reivindicamos o ensino religioso nas escolas. Essa conquista vai transformar a educação brasileira em uma religião plural, não só no sentido do conhecimento, como no sentido religioso, e vai permitir que Igreja e sociedade trabalhem juntas”, opinou.
O vice-presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro acredita na importância das religiões se expressarem. “Essa lei representa o respeito religioso. Em um estado onde existe democracia é essencial que todas as religiões tenham voz”, afirmou.
A Secretaria Municipal de Educação fará um concurso para a contratação de professores para a disciplina de ensino religioso. Os profissionais deverão ser formados basicamente em História, Geografia, Filosofia/Sociologia e deverão apresentar documento de indicação feito pelos representantes da religião que seguem, como uma confirmação de vivência do credo, para que possam lecionar.

Fonte:na integra -  www.cnbb.org.br

Nomeada Comissão Especial da CNBB para a JMJ 2013

PRESIDENCIA
Nesta quinta-feira, 27 de outubro, a presidência da CNBB nomeou a Comissão Especial para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Esta comissão e suas equipes, cujas possibilidades principais dizem respeito à Peregrinação da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora e à Pré-Jornada, trabalharão integradas ao Comitê Organizador Local (COL) da JMJ da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Compõem a Comissão:
Dom Leonardo Steiner (Coordenador)
Dom Eduardo Pinheiro da Silva (Secretário Geral)
Dom Joaquim Giovani Mol
Pe. Antonio Ramos do Prado
Pe. Carlos Sávio da Costa Ribeiro
Sr. Francisco Vitor Bouisson
Sr. Hugo José Sarubbi Cysneiros Oliveira
Ir. Maria Eugênia Lloris
Ir. Roziana Abílio Freire
Pe. Valdeir dos Santos Goulart
Sr. Vitor César do Carmo Dalmas

As Equipes de Trabalho serão coordenadas por: Pe. João Carlos Almeida, Pe. Sérgio Lúcio A. Costa, Sr. José Wilde Alencar dos Santos, Sr. André Jorge Simão e Pe. Alex Cordeiro. Junto a estas Equipes trabalharão vários outros jovens e adultos.

Fonte: na íntegra www.cnbb.org.br

Mensagem de Bento XVI em Assis

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As religiões jamais podem ser motivo de violência. Os credos e o diálogo inter-religioso são e devem ser baseados na paz. Foi a evocação feita por Bento XVI, nesta quinta-feira, em Assis, diante dos expoentes de todas as religiões do mundo, e de um grupo de agnósticos, por ocasião de uma nova Jornada mundial de oração e de reflexão pela paz, à distância de 25 anos do histórico encontro realizado por iniciativa de João Paulo II.

O Papa e os cerca de 300 participantes do encontro "Peregrinos da verdade, peregrinos da paz" chegaram pela manhã à cidade de São Francisco a bordo de um trem, que no final do dia os trará de volta a Roma. De fato, tendo partido às 8h locais da estação vaticana, o trem Etr 600 das Ferrovias italianas, formado por 7 vagões e a locomotiva, levava a bordo o Santo Padre e cerca de 300 pessoas.

O Pontífice viajou no vagão 2, localizado na parte traseira do trem, com o Cardeal Secretário de Estado Tarcisio Bertone, acompanhado do Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, e de outros renomados expoentes das religiões mundiais. O trem chegou a Assis às 9h45 locais.

No final desta manhã, o Santo Padre dirigiu-se aos participantes na Jornada de Reflexão em Assis. O Pontífice iniciou seu discurso lembrando que “passaram-se vinte e cinco anos desde quando, pela primeira vez, o beato Papa João Paulo II convidou representantes das religiões do mundo para uma oração pela paz em Assis”. E então pôs as questões: “o que aconteceu desde então? Como se encontra hoje a causa da paz?”.

“Naquele momento – disse o Papa -, a grande ameaça para a paz no mundo provinha da divisão da terra em dois blocos contrapostos entre si. O símbolo saliente daquela divisão era o muro de Berlim que, atravessando a cidade, traçava a fronteira entre dois mundos. Em 1989, três anos depois do encontro em Assis, o muro caiu, sem derramamento de sangue. Inesperadamente, os enormes arsenais, que estavam por detrás do muro, deixaram de ter qualquer significado. (…) Enfim, a vontade de ser livre foi mais forte do que o medo face a uma violência que não tinha mais nenhuma cobertura espiritual”.

Bento XVI continuou afirmando que, desde então, “infelizmente, não podemos dizer que desde então a situação se caracterize por liberdade e paz. Embora a ameaça da grande guerra não se aviste no horizonte, todavia o mundo está, infelizmente, cheio de discórdias”. Então o Papa falou sobre o terrorismo, e deste ressaltou a motivação religiosa que, muitas vezes, serve como justificativa para o que o classificou de “crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do «bem» pretendido”. “Aqui a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência”. E acrescentou: “o que os representantes das religiões congregados no ano 1986, em Assis, pretenderam dizer – e nós o repetimos com vigor e grande firmeza – era que esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição”.

O Santo Padre falou sobre uma segunda tipologia de violência, ou seja, “a consequência da ausência de Deus, da sua negação e da perda de humanidade que resulta disso”. “Aqui, porém, não pretendo deter-me no ateísmo prescrito pelo Estado – fez a ressalva -, queria, antes, falar da «decadência» do homem, em consequência da qual se realiza, de modo silencioso, e por conseguinte mais perigoso, uma alteração do clima espiritual. A adoração do dinheiro, do ter e do poder, revela-se uma contra-religião, na qual já não importa o homem, mas só o lucro pessoal”.

Então o Papa falou sobre o mundo do agnosticismo, que destacou estar em expansão. “Tais pessoas não se limitam a afirmar «Não existe nenhum Deus»”, disse o Santo Padre, mostrando que elas estão em busca da verdade e do bem, andando em direção à Deus portanto. “Colocam questões tanto a uma parte como à outra – afirmou o Pontífice. Aos ateus combativos, tiram-lhes aquela falsa certeza com que pretendem saber que não existe um Deus, e convidam-nos a tornar-se, em lugar de polêmicos, pessoas à procura, que não perdem a esperança de que a verdade exista e que nós podemos e devemos viver em função dela”.

Bento XVI ainda chamou a atenção para o fato de que os agnósticos “chamam em causa também os membros das religiões, para que não considerem Deus como uma propriedade que de tal modo lhes pertence que se sintam autorizados à violência contra os demais”.

Concluindo, o Papa assegura de que “a Igreja Católica não desistirá da luta contra a violência e do seu compromisso pela paz no mundo”
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A íntegra do discurso
Discurso do Santo Padre Bento XVI
para a Jornada de Reflexão, Diálogo e Oração pela Paz e Justiça no Mundo"Peregrinos da verdade, peregrinos da paz"
Assis, Itália
Quinta-feira, 27 de outubro de 2011


Queridos irmãos e irmãs,
distintos Chefes e representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais e das religiões do mundo,
queridos amigos,


Passaram-se 25 anos desde quando pela primeira vez o beato Papa João Paulo II convidou representantes das religiões do mundo para uma oração pela paz em Assis. O que aconteceu desde então? Como se encontra hoje a causa da paz? Naquele momento, a grande ameaça para a paz no mundo provinha da divisão da terra em dois blocos contrapostos entre si. O símbolo saliente daquela divisão era o muro de Berlim que, atravessando a cidade, traçava a fronteira entre dois mundos. Em 1989, três anos depois do encontro em Assis, o muro caiu, sem derramamento de sangue. Inesperadamente, os enormes arsenais, que estavam por detrás do muro, deixaram de ter qualquer significado. Perderam a sua capacidade de aterrorizar. A vontade que tinham os povos de ser livres era mais forte que os arsenais da violência. A questão sobre as causas de tal derrocada é complexa e não pode encontrar uma resposta em simples fórmulas. Mas, ao lado dos factores econômicos e políticos, a causa mais profunda de tal acontecimento é de carácter espiritual: por detrás do poder material, já não havia qualquer convicção espiritual. Enfim, a vontade de ser livre foi mais forte do que o medo face a uma violência que não tinha mais nenhuma cobertura espiritual. Sentimo-nos agradecidos por esta vitória da liberdade, que foi também e sobretudo uma vitória da paz. E é necessário acrescentar que, embora neste contexto não se tratasse somente, nem talvez primariamente, da liberdade de crer, também se tratava dela. Por isso, podemos de certo modo unir tudo isto também com a oração pela paz.
Mas, que aconteceu depois? Infelizmente, não podemos dizer que desde então a situação se caracterize por liberdade e paz. Embora a ameaça da grande guerra não se aviste no horizonte, todavia o mundo está, infelizmente, cheio de discórdias. E não é somente o fato de haver, em vários lugares, guerras que se reacendem repetidamente; a violência como tal está potencialmente sempre presente e caracteriza a condição do nosso mundo. A liberdade é um grande bem. Mas o mundo da liberdade revelou-se, em grande medida, sem orientação, e não poucos entendem, erradamente, a liberdade também como liberdade para a violência. A discórdia assume novas e assustadoras fisionomias e a luta pela paz deve-nos estimular a todos de um modo novo.
Procuremos identificar, mais de perto, as novas fisionomias da violência e da discórdia. Em grandes linhas, parece-me que é possível individuar duas tipologias diferentes de novas formas de violência, que são diametralmente opostas na sua motivação e, nos particulares, manifestam muitas variantes. Primeiramente temos o terrorismo, no qual, em vez de uma grande guerra, realizam-se ataques bem definidos que devem atingir pontos importantes do adversário, de modo destrutivo e sem nenhuma preocupação pelas vidas humanas inocentes, que acabam cruelmente ceifadas ou mutiladas. Aos olhos dos responsáveis, a grande causa da danificação do inimigo justifica qualquer forma de crueldade. É posto de lado tudo aquilo que era comummente reconhecido e sancionado como limite à violência no direito internacional. Sabemos que, frequentemente, o terrorismo tem uma motivação religiosa e que precisamente o carácter religioso dos ataques serve como justificação para esta crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do «bem» pretendido. Aqui a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência.
A crítica da religião, a partir do Iluminismo, alegou repetidamente que a religião seria causa de violência e assim fomentou a hostilidade contra as religiões. Que, no caso em questão, a religião motive de fato a violência é algo que, enquanto pessoas religiosas, nos deve preocupar profundamente. De modo mais subtil mas sempre cruel, vemos a religião como causa de violência também nas situações onde esta é exercida por defensores de uma religião contra os outros. O que os representantes das religiões congregados no ano 1986, em Assis, pretenderam dizer – e nós o repetimos com vigor e grande firmeza – era que esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição. Contra isso, objecta-se: Mas donde deduzis qual seja a verdadeira natureza da religião? A vossa pretensão por acaso não deriva do fato que se apagou entre vós a força da religião? E outros objectarão: Mas existe verdadeiramente uma natureza comum da religião, que se exprima em todas as religiões e, por conseguinte, seja válida para todas? Devemos enfrentar estas questões, se quisermos contrastar de modo realista e credível o recurso à violência por motivos religiosos. Aqui situa-se uma tarefa fundamental do diálogo inter-religioso, uma tarefa que deve ser novamente sublinhada por este encontro. Como cristão, quero dizer, neste momento: É verdade, na história, também se recorreu à violência em nome da fé cristã. Reconhecemo-lo, cheios de vergonha. Mas, sem sombra de dúvida, tratou-se de um uso abusivo da fé cristã, em contraste evidente com a sua verdadeira natureza. O Deus em quem nós, cristãos, acreditamos é o Criador e Pai de todos os homens, a partir do qual todas as pessoas são irmãos e irmãs entre si e constituem uma única família. A Cruz de Cristo é, para nós, o sinal daquele Deus que, no lugar da violência, coloca o sofrer com o outro e o amar com o outro. O seu nome é «Deus do amor e da paz» (2 Cor 13,11). É tarefa de todos aqueles que possuem alguma responsabilidade pela fé cristã, purificar continuamente a religião dos cristãos a partir do seu centro interior, para que – apesar da fraqueza do homem – seja verdadeiramente instrumento da paz de Deus no mundo.
Se hoje uma tipologia fundamental da violência tem motivação religiosa, colocando assim as religiões perante a questão da sua natureza e obrigando-nos a todos a uma purificação, há uma segunda tipologia de violência, de aspecto multiforme, que possui uma motivação exatamente oposta: é a consequência da ausência de Deus, da sua negação e da perda de humanidade que resulta disso. Como dissemos, os inimigos da religião veem nela uma fonte primária de violência na história da humanidade e, consequentemente, pretendem o desaparecimento da religião. Mas o «não» a Deus produziu crueldade e uma violência sem medida, que foi possível só porque o homem deixara de reconhecer qualquer norma e juiz superior, mas tomava por norma somente a si mesmo. Os horrores dos campos de concentração mostram, com toda a clareza, as consequências da ausência de Deus.
Aqui, porém, não pretendo deter-me no ateísmo prescrito pelo Estado; queria, antes, falar da «decadência» do homem, em consequência da qual se realiza, de modo silencioso, e por conseguinte mais perigoso, uma alteração do clima espiritual. A adoração do dinheiro, do ter e do poder, revela-se uma contra-religião, na qual já não importa o homem, mas só o lucro pessoal. O desejo de felicidade degenera num anseio desenfreado e desumano como se manifesta, por exemplo, no domínio da droga com as suas formas diversas. Aí estão os grandes que com ela fazem os seus negócios, e depois tantos que acabam seduzidos e arruinados por ela tanto no corpo como na alma. A violência torna-se uma coisa normal e, em algumas partes do mundo, ameaça destruir a nossa juventude. Uma vez que a violência se torna uma coisa normal, a paz fica destruída e, nesta falta de paz, o homem destrói-se a si mesmo.
A ausência de Deus leva à decadência do homem e do humanismo. Mas, onde está Deus? Temos nós possibilidades de O conhecer e mostrar novamente à humanidade, para fundar uma verdadeira paz? Antes de mais nada, sintetizemos brevemente as nossas reflexões feitas até agora. Disse que existe uma concepção e um uso da religião através dos quais esta se torna fonte de violência, enquanto que a orientação do homem para Deus, vivida retamente, é uma força de paz. Neste contexto, recordei a necessidade de diálogo e falei da purificação, sempre necessária, da vivência da religião. Por outro lado, afirmei que a negação de Deus corrompe o homem, priva-o de medidas e leva-o à violência.
Ao lado destas duas realidades, religião e anti-religião, existe, no mundo do agnosticismo em expansão, outra orientação de fundo: pessoas às quais não foi concedido o dom de poder crer e todavia procuram a verdade, estão à procura de Deus. Tais pessoas não se limitam a afirmar «Não existe nenhum Deus», mas elas sofrem devido à sua ausência e, procurando a verdade e o bem, estão, intimamente estão a caminho Dele. São «peregrinos da verdade, peregrinos da paz». Colocam questões tanto a uma parte como à outra. Aos ateus combativos, tiram-lhes aquela falsa certeza com que pretendem saber que não existe um Deus, e convidam-nos a tornar-se, em lugar de polêmicos, pessoas à procura, que não perdem a esperança de que a verdade exista e que nós podemos e devemos viver em função dela. Mas, tais pessoas chamam em causa também os membros das religiões, para que não considerem Deus como uma propriedade que de tal modo lhes pertence que se sintam autorizados à violência contra os demais. Estas pessoas procuram a verdade, procuram o verdadeiro Deus, cuja imagem não raramente fica escondida nas religiões, devido ao modo como eventualmente são praticadas. Que os agnósticos não consigam encontrar a Deus depende também dos que creem, com a sua imagem diminuída ou mesmo deturpada de Deus. Assim, a sua luta interior e o seu interrogar-se constituem para os que creem também um apelo a purificarem a sua fé, para que Deus – o verdadeiro Deus – se torne acessível. Por isto mesmo, convidei representantes deste terceiro grupo para o nosso Encontro em Assis, que não reúne somente representantes de instituições religiosas. Trata-se de nos sentirmos juntos neste caminhar para a verdade, de nos comprometermos decisivamente pela dignidade do homem e de assumirmos juntos a causa da paz contra toda a espécie de violência que destrói o direito. Concluindo, queria assegura-vos de que a Igreja Católica não desistirá da luta contra a violência, do seu compromisso pela paz no mundo. Vivemos animados pelo desejo comum de ser «peregrinos da verdade, peregrinos da paz».